quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
NATAL NO SERTÃO
Na mesa, rapadura com farinha
Árvore seca com flocos de algodão
Pedacinhos de chuva no telhado
E a brisa fria de mais chuva no terreiro.
Presentes que só o sertanejo entende.
Promessas que só ele traz nos olhos.
Não existe natal mais lindo...
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
JURAMENTOS
Um dia meu pai disse:
_Espera que eu volto
pra consolidar o nosso amor.
E minha mãe envolveu-se
em delicadas nuvens de espera.
Como flor, lírio, crisântemo,
tricotando o mesmo casaquinho
que um dia deixou sem terminar
foi se fazendo bonita e extensa.
O olho na janela,
na esquina da rua,
na carta interminável,
a espera caduca.
Um dia meu pai disse:
_Espera que eu volto
pra consolidar o nosso amor.
E minha mãe envolveu-se
em delicadas nuvens de espera.
Como flor, lírio, crisântemo,
tricotando o mesmo casaquinho
que um dia deixou sem terminar
foi se fazendo bonita e extensa.
O olho na janela,
na esquina da rua,
na carta interminável,
a espera caduca.
Mãe, você foi abençoada.
Eu?
Eu?
Eu não acredito em juramentos.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
VÔOS NOTURNOS
Numa noite escura e espessa
me atrevi a amar-te
e descortinei essa dor perpetuada
Numa noite escura e espessa
me atrevi a amar-te
e descortinei essa dor perpetuada
se me vejo em ti.
Eu, que já subi tantos ermos,
que já escondi tanto miosótis
em pequenos formigueiros;
que já escondi tanto miosótis
em pequenos formigueiros;
eu, que prefiro voar à noite
como morcegos e vampiros
sem ver luz nem alvos
sugando o ouro de dentro;
como morcegos e vampiros
sem ver luz nem alvos
sugando o ouro de dentro;
eu, que grito e rasgo o escuro
da noite em desespero;
da noite em desespero;
eu, voando desesperada
pois me falta o equilíbrio da asa
e do alvo calcinado.
pois me falta o equilíbrio da asa
e do alvo calcinado.
Os vôos não foram feitos
para pássaros cegos.
para pássaros cegos.
O meu despedaçar foi de encontro
à tua viscosa parede.
à tua viscosa parede.
Nunca mais fui pura, meu amor.
Nunca mais.
Nunca mais.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Me diz meu amigo
Mas com carinho na voz
Sem precisar ser muito duro
Porque minha alma foge
E minha angústia me olha
Do canto da parede.
Me diz com calma e pacientemente
Para que a tarde não fuja pela janela
Para que eu não pegue aquela estrada
Para que eu não pule daquela ponte
Me diz com ternura no olhar
Sem tremer a voz de emoção
Há salvação para mim
Nesta noite quente?
domingo, 18 de julho de 2010
BALADA
terça-feira, 6 de julho de 2010
MANDACARU
(Para um grande amigo)
Um mandacaru seca ao sol...
Tem sede e anseia pela água.
Também tem medo e nem ousa balançar ao vento.
Seu silêncio imobiliza tudo ao redor.
Sua dor seca os olhos de quem o admira.
Mas na sua aparente fragilidade ele aguarda
e não desiste diante de nenhuma fatalidade.
Um mandacaru seca ao sol...
mas na próxima invernada
ele voltará mais verde do que nunca.
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