Como te dizer: noite, morte, escuridão se isso ainda é o que dá sentido a tudo? Teu nome estanca o assovio, o assombro e desperta dois nítidos corpos que atravessam a sala deixando unguento e matizes como rastros do que foi.
Não quero procurar-te como quem se perde, ameaçá-lo como quem espera uma concretude. Sempre te convences. Mas te enganas. Esse inquietante amor abriu-me portas pesadas onde me abrigo. E dentro dessa solidão passeio como quem colhe lírios. Fui mais completa quando tudo me faltou. Encontrei-me quando não mais me reconheci.
Olha ao teu redor...tudo é escombro. Porque és feito de mentira e de soberba. E mesmo que te retorcesse e sangrasse, nem mesmo assim te adiantaria. Porque os teus arredores são de escuras amarras, de amargas partidas, de negras funduras. Não sabes ainda dos teus adversos. Mas quando olhares teus arredores, quando eu te disser “te sei” e quando me disseres “te vejo”, te darás conta do grande e aterrorizante aguilhão que te aprisionas. E nada disso te adiantará. Porque serei tua dor, tua escrita, teu espinho, um punhado de sal sobre teu corte.
“E não haverá mais nada, negro amor.”
5 comentários:
suas cartas poéticas
sempre me chamaram a atenção,
sobretudo pela beleza contida
em cada uma delas.
aqui não é diferente:
prosapoética em alto grau.
beijos.
... pungente...
Senti um "estampido surdo" em minhas vísceras ao ler. Que represa!
Bom, realmente bom.
Beijos
Senti um "estampido surdo" em minhas vísceras ao ler. Que represa!
Bom, realmente bom.
Beijos
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